quinta-feira, abril 20, 2006

Um olhar curioso, de quem viu para além do óbvio.

Damião de Goes (gravura atribuída a Albert Dürer)
"O retrato de Damião de Goes, atribuído a Dürer, mostra-nos o rosto duma pessoa capaz de apreciar os gozos da vida, mas acima de tudo, dotada de veemência, de entusiasmo e de preserverança tenaz no propósito de alcançar as coisas que acha dignas de se gozarem. Tem ele uma expressão de infinita curiosidade, simpatia comunicativa e profunda penetração, ao mesmo tempo que denota não só uma certa ambição, como também rectidão de juízo. Há nas feições quási duras laivos de deleite e de vivacidade como se se tratasse de alguém que ouve, pensa, inquire e observa com interêsse penetrante o desconhecido; o queixo levemente erguido, tem-no coberto de barba, mas os olhos são calmos e amigos. Do barrete saem caracóis de cabelo espêsso. Os versos do Cornélio Escribo falam da sua frons laeta, exporrecta, alacris, dulcedine quadam prae se fert puri pectoris indicium (rosto alongado, jovial, risonho, manifesta uma certa docura sinal de um coração sem mancha); dos seus olhos acolhedores, do seu cabelo negro e das praeglaciles malae (delicadas maçãs do rosto): Nil est candidius, nil est humanius illo; nil civile magis, nil magis est lepidum; omnibus est carus (ninguém é mais leal, mais distinto, que ele; ninguém é mais afável, mais delicado; por todos é estimado)."
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-Aubrey F. G. Bell, Um humanista Potuguês - Damião de Góis, Lisboa, 1942
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Vanessa Ferreira

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